A pergunta frequente: Como é ser gémea?

Não sei o que é não ser”.

Ser gémea é ouvir as mesmas perguntas frequentemente. Ser gémea é responder a dois nomes diferentes. Ser gémea é explicar constantemente “quais é que são as diferenças”. Ser gémea é nascer com a tua melhor amiga ao teu lado. É teres a maior discussão da tua vida e, sem perceberes como, esqueceres-te da discussão passados 5 minutos. É poder contar tudo a alguém. É não guardar segredos.

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Crescemos sempre juntas e frequentámos sempre a mesma escola: desde o infantário ao mestrado. Hoje em dia trabalhamos na mesma área e temos o mesmo grupo de amigos. É bom teres a tua melhor amiga sempre por perto, mas há um lado desafiante de ser gémea.

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Porque ser gémea é ser plural, é ser “elas”. Durante anos ficávamos chateadas porque os nossos amigos se referiam a nós como “as gémeas”, e não como a Mariana e a Margarida. Foi uma luta que se deveu ao facto de sentirmos que não éramos vistas como duas pessoas diferentes, independentes e com personalidade própria. E a verdade é que sempre fomos muito dependentes uma da outra.

Foi apenas aos 20 anos que nos separámos pela primeira vez por 6 meses, na altura de Erasmus. Foi como deixar a bengala para trás e encontrar de novo o equilíbrio. Foi uma experiência muito importante na definição da nossa identidade: ter alguém que nos trata pelo nome próprio e que me conhece a mim, Mariana, e não à minha irmã; pessoas que valorizam a minha personalidade pelo que EU sou e não pelo que NÓS somos. Não conhecemos muitos gémeos e não sabemos se este é um desafio comum, mas de facto para nós foi muito importante separarmo-nos e vivermos independentes uma da outra, para bem do nosso crescimento pessoal.

E assim foram os últimos 4 anos, anos de mudança. Há 4 anos separámos os armários pela primeira vez. Há 4 anos tivemos de partir o secador a meio. Foi estranho viver em casas diferentes e ter de combinar cafés, jantares e horas para nos encontrarmos. 

Hoje vivemos juntas outra vez. Mas sei que, independentemente dos KMs de distância, a minha irmã vai estar sempre ao meu lado.

Ser gémea é um privilégio.

Gémeos e gémeas, contem-nos a vossa experiência 🙂

Mariana Martinho

13 thoughts on “A pergunta frequente: Como é ser gémea?

  1. Eugenio Vazquez says:

    Fortunately I have a twin also and it´s true that you are born with your best mate, for us we grew up in Mexico City and we were always playing together outside, for us as boys when we were little we used to fight a lot but five minutes later we made peace, we were in the same school from preschool until high school so we had the same group of friends which was cool because they were pretty much the only ones who could recognize us, apart from our family obviously.
    I guess every twin gets used to being confused, for us we are in the same university, different careers but its funny people I´ve never seen come to me and say hi or ask me about an exam I have no idea and sometimes it´s easier to just pretend I´m my brother instead of telling them that I´m his brother.
    I feel what you wrote about twins need to be considered as different individuals because we are in some ways different to our twins, and I value when people recognizes you even when you´re traveling and you have just met them a few days ago but still some people who get to know you can tell the differences.
    I do believe being a twin is a privilege because it´s easier because in a way you were always with someone from the beginning. A downside for us is that dating is a bit crazy because the girls are always worried that they might confuse you with your brother.

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  2. Ana Loureiro says:

    Concordo com tudo o que disseste! Lembor-me de vocês do tempo dos “Morangos com açucar” e tenho acompanhado sempre o vosso percurso. Além do mais também tenho uma irmã gémea e muitas vezes as pessoas vêm-nos como um “Nós” e não como pessoas diferentes tanto de personalidades como de feitio apesar de sermos parecidas fisicamente. Tenho a certeza absuluta que este elo de ligação que se tem mais ninguém o poderá tirar. Não é para todas as pessoas que têm a sorte como nós em termos nascido com a nossa melhor amiga e companheira para a vida toda. Muitas felicidades para as duas.

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      • Catarina Loureiro says:

        Sou a outra gémea 😂. Acho mesmo que a pior coisa de ser gémea é ouvir sempre a mesma pergunta: são gémeas? Apetece dizer: não, foi promoção. Os nossos pais compraram uma e levaram duas 😅😋. O facto de não conseguirmos passar despercebidas em todo o lado é uma constante. Mas apesar de tudo é algo único que poucas pessoas têm oportunidade de viver. Beijinhos para ambas.

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  3. André Correia says:

    Olá Margarida & Mariana 🙂 Também tenho um irmão gêmeo, e apesar de sermos totalmente iguais por fora, as nossas personalidades e formas de estar e de ser são completamente diferentes. Já ouvi estas perguntas tanta vez que perdi a conta. Sim é uma ligação muito forte e única. E não me vejo sem ele, e sei que ele acha o mesmo 🙂 Obrigado por partilharem a vossa história, identifico me bastante com o que li 🙂 Beijinhos para vocês:)

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  4. Filipa says:

    🙂 Também tenho uma irmã gémea, no entanto ela é completamente o oposto de mim! Eu sou loira de olhos claros e cabelo loiro e ela é morena de olhos castanhos e cabelo escuro. No entanto, não é por isso que não nos trocam os nomes continuamente. Temos sempre de ensinar a tática, não infalível, infelizmente, do ‘M’ de Morena.
    Identifico-me imenso com este post! Acho mesmo frustrante o facto de, por vezes, sermos tratadas como ‘uma só’, e não existir um reconhecimento das pessoas pelo facto de, apesar de gémeas, cada uma ter a sua independência e personalidade próprias.
    Desde sempre que fiz tudo com a minha irmã! Agora, no último ano de secundário, separámo-nos e admito que foi uma grande lufada de ar fresco para ambas.
    Afinal, cada uma tem de se adaptar à vida que escolheu! 😀

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    • See me Twice says:

      Olá Filipa! Obrigada pelo teu comentário! É importante ver essa mudança nas vossas vidas como uma coisa muito positiva, afinal de contas vocês vão sempre ter-se uma à outra, e isso é o melhor de sermos gémeas 🙂 Beijinhos para ti e para a tua irmã! E boa sorte para o vosso futuro!

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  5. Joana says:

    Olá gostei muito do texto, tenho uma irmã gêmea pelo que me identifiquei totalmente com as tuas palavras, principalmente com o facto das pessoas terem dificuldade em nos verem como ” a Joana e a Ana” e não como as “Gêmeas”, isso foi algo desafiante e que me incomodava, e dividir o secador, essa é exatamente a definição correta, que descreve o “drama” de nos separarmos. Eu também tive de aprendera viver como Joana e não como nós, foi duro, não é facil quando passamos 19 anos sempre mas sempre juntas e depois temos de aprendera viver sem a pessoa com quem nascemos, mas também considerei fundamental. Hoje com 24 anos vivemos juntas, as nossas áreas são distintas (Turismo e Relações Públicas/Comunicação) mas continuamos sempre juntas e penso que é assim que irá continuar, espero eu. Obrigada.

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  6. Joana Monteiro says:

    Olá eu também tenho uma irmã gémea, amanhã fazemos 18 e ainda estamos na fase de não suportarmos ser tratadas por ” as gémeas”. É tal e qual como vocês disseram, sentimos a necessidade que não nos tratem como uma pessoa só! Ambas vos acompanhamos no insta e um dos nossos sonhos é um dia realizar algumas das vossas viagens, beijinhosss!

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